Mostrando postagens com marcador História Brasileira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador História Brasileira. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 20 de março de 2014

OAB-SP desiste de CENSURAR quadro de escravo

ARTE PROIBIDA

OAB-SP desiste de pedido para retirar quadro de escravo


A polêmica em torno de um quadro de um escravo amarrado a um tronco, exposta no espaço da Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo (Acrimesp) no Fórum Criminal da Barra Funda, parece, finalmente, ter chegado ao fim. A seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil rejeitou o pedido feito pela presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP, Carmen Dora de Freitas Ferreira, para que a obra fosse retirada.
No ofício enviado à Acrimesp, a presidente da comissão justificou seu pedido dizendo que o quadro “não reflete a condição atual da população negra” e reforça estereótipos e o preconceito “enrustido em muitas pessoas, que, ainda nos dias atuais, têm a ousadia de se referir ao negro ou negra afirmando ‘vou te colocar no tronco’”. 
A Acrimesp chegou a admitir que tiraria o quadro, mas que via nisso uma tentativa da OAB de “esconder nossa própria história”. Entretanto, a entidade mudou de ideia quando muitos advogados se posicionaram contrários à retirada do quadro. O presidente da Acrimesp, Ademar Gomes afirmou ter recebeu mais de 700 e-mails pedindo que a obra de arte continue exposta.
Agora, a OAB-SP informa ter deliberado para não acolher a proposta formulada pela dirigente e diz que o assunto não havia sido discutido pela entidade. "A Ordem é plural, democrática, reúne diferentes opiniões sobre os mais diversos temas, mas sua posição oficial sobre determinada matéria é definida em instância deliberativa", diz em nota.
Gomes comemorou a decisão da OAB-SP. Ele parabenizou a presidente da comissão e o presidente da entidade Marcos da Costa pela “decisão justa”, que entendeu não haver motivo para retirar o quadro do fórum, já que ele representa a história do Brasil. "Não interessa à Acrimesp o embate com a Comissão de Igualdade Racial ou com a Ordem dos Advogados do Brasil", afirma. 
O presidente da associação disse ainda à revista Consultor Jurídico que "o quadro retrata a verdade do Brasil. A nossa origem não nos envergonha. É um passado de sofrimento, é um passado de escravidão, mas hoje somos livres".
A seccional afirma ser importante lembrar as implicações do escravismo no Brasil, assim como a função social e educativa das obras de artes. "A OAB respeita a História Brasileira e vê nessas obras de arte, não um discurso discriminatório, mas a interpretação estética das fases e ciclos de nossa História. Registra, ainda, que a luta contra a escravidão no Brasil tem relação direta com a história da advocacia, porque foram os advogados Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Tobias Barreto, Castro Alves e Luiz Gama que cerravam fileiras contra a escravidão em várias frentes: seja no Judiciário, na literatura ou na imprensa."
Revista Consultor Jurídico, 19 de março de 2014
MARCOS DE VASCONCELLOS é chefe de redação da revista Consultor Jurídico.
LIVIA SCOCUGLIA é repórter da revista Consultor Jurídico.


Leia também

Comentários de leitores

 
CRONOLOGIA DOS FATOS
 
 JUSBRASIL:
OAB-SP pede que quadro com escravo seja retirado de fórum
OAB-SP desiste de censurar quadro de escravo
 
 VEJA - Ricardo Setti     
à escravidão, pois ela “não é construtiva”, uma vez que vem sendo desenvolvido um trabalho de mostrar que a população negra, apesar das diferenças e ...
 
VEJA - Reinaldo Azevedo - Blog     
de se parecer sempre com o “Django”, de Tarantino? Vamos mandar para a fogueira, deixem-me ver, Machado de Assis — além claro, de Monteiro Lob...

segunda-feira, 17 de março de 2014

Arte Proibida III - Retrato da escravidão, força OAB-SP rever seu posicionamento sobre o assunto

Entidade rediscutirá pedido para tirar quadro de fórum

Responsável pelo quadro de um escravo negro que a seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil pediu para ser retirado do Fórum Criminal da Barra Funda, a Associação dos Advogados Criminalistas de São Paulo vai rever seu posicionamento sobre o assunto. O presidente da Acrimesp, Ademar Gomes, diz já ter recebido mais de 700 e-mails pedindo que a obra de arte continue exposta, dos quais 200 foram direto para sua caixa e os demais para a caixa da entidade.
Uma reunião da diretoria da Acrimesp foi convocada para a noite desta segunda-feira (17/3), na qual a entidade vai deliberar se aceita os apelos que chegaram a ela e mantém o quadro ou se segue a determinação da OAB-SP e tira a peça do Fórum Criminal Ministro Mario Guimarães. O ofício pedindo a retirada da obra de arte é assinado pela presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP, Carmen Dora de Freitas Ferreira.

Segundo o documento, o quadro “não reflete a condição atual da população negra” e reforça estereótipos e o preconceito “enrustido em muitas pessoas, que, ainda nos dias atuais, têm a ousadia de se referir ao negro ou negra afirmando ‘vou te colocar no tronco’”.
Na ocasião, a Acrimesp respondeu que tiraria o quadro, mas que via nisso uma tentativa da OAB de “esconder nossa própria história”.

Em dois dias, a notícia sobre o assunto publicada pela ConJur já tinha 60 comentários. Todos contrários à retirada do quadro. “Infelizmente a escravidão faz parte da nossa história, esta escrita e representada através de esculturas e telas. Entendo que a Acrimesp não deva retirar este quadro”, disse o advogado Luiz Eduardo Buono. Também seguindo nessa linha de pensamento, o advogado José Valdi questionou se a OAB “vai fechar museus”.

Outro profissional, Marcelo Rodrigues Barreto Junior, ironizou que “daqui a pouco vocês também irão proibir a divulgação de fatos ocorridos na época da ditadura”. “Não acredito nessa história da OAB, tenho certeza que não passa de uma piada. A nossa OAB não pediria para retirar um quadro que representa nossa história”, disse a advogada Patrícia Lopes.

Já o advogado Frederico Bernardes convocou seus colegas de profissão a se mobilizar pela manutenção do quadro. “É preciso que nos manifestemos contra essa atitude pequena da OAB e fiquemos unidos pra mudarmos coisas grandes”, afirmou. 

Odivan Noronha também foi contra a Ordem e questionou se não seria melhor que a entidade divulgasse obras de arte, “assim como a Acrimesp está fazendo”.

O criminalista Paulo Sérgio Leite Fernandes escreveu, inclusive, um artigo publicado na ConJur, no qual critica o cerceamento à arte. Ele compara a tentativa da OAB-SP de tirar a obra do fórum à censura ocorrida à arte de grandes mestres. O advogado lembra “numa perspectiva cômica, se dramática não fosse, que pinturas exponenciais de Da Vinci, Michelangelo e Rafael tiveram as partes pudendas recobertas por adereços representativos de folhas de parreira, na Capela Sistina e em locais outros”.